Um país com equilíbrio territorial e coesão económica e social exige uma política de desenvolvimento regional que combata as assimetrias regionais, o despovoamento e a desertificação. O Governo PS veio, em vésperas de eleições, congratular-se com as suas políticas de coesão do território, pois 1.700 cidadãos tinham decidido transferir a residência do litoral para o interior. O Governo PS «esqueceu-se», lamentavelmente, de informar o número de cidadãos que fizeram o percurso inverso, a que devem acrescentar ainda os que emigraram. A avaliação seria certamente outra e negativa. O resultado natural da criação de um Ministério da Coesão e da localização de uma secretaria de Estado em Bragança, da pseudo eleição das CCDR, de uma dita «descentralização» de responsabilidades para as autarquias (que só pode agravar problemas e assimetrias), dos programas de apoio à mudança de residência, das suas políticas agro-florestais, do comércio e da indústria, orçamentais e do investimento, de manter adiado o imperativo constitucional da Regionalização, só poderia ser, como foi, a continuidade do agravamento das desigualdades regionais. O desenvolvimento regional e a coesão do território necessitam de outras políticas. Um leque amplo de políticas integradas e dinamizadas por um poder regional decorrente da regionalização e pelas autar- quias locais, dotadas de autonomia administrativa e financeira; políticas económicas que, no actual quadro capitalista, possam romper com a lógica única de mercado na afectação e localização de recursos materiais e meios humanos; uma política agrícola e florestal, privilegiando a exploração familiar e produções que garantam a ocupação humana do território e salvaguardem os solos agrícolas e a biodiversidade; uma reindustrialização com a valorização da transformação industrial da matéria-prima regional na região e redes de distribuição que preservem e intensifiquem os fluxos regionais. São necessárias políticas viradas para a actividade produtiva com criação de emprego estável, onde se poderão ancorar e ampliar, de forma sustentável, outras actividades, nomeadamente o turismo e outros serviços e defender o mundo rural. Simultaneamente devem manter-se e desenvolver-se as redes de infraestruturas, equipamentos e serviços públicos e de estruturas locais e regionais das empresas estratégicas de energia, telecomunicações, transportes e financeiras.